

E você ainda teve um outro trabalho muito importante lançado naquele ano, que foi o “disco do tênis” (Lô Borges), não é?
Pois é. Para mim foi uma coisa sensacional. Um começo de carreira iluminado. Foi a duras penas, porque a barra não estava leve. Era ditadura e tudo. O “disco do tênis” foi feito meio na loucura. Eu brinco que ele foi feito igual disco de cantador. Já tinha assinado com a gravadora e não tinha as músicas prontas. Fazia a música de manhã, o Márcio, meu irmão, colocava a letra à tarde e a gente chegava ao estúdio com elas fresquinhas. Eu fiz o Clube no começo do ano e o do tênis no final. Eu era muito menino e foi uma responsabilidade começar de cara gravando com arranjo de Eumir Deodato, orquestra no estúdio, no caso do Clube da Esquina. Eu nem sabia ler partitura naquela época e não podia errar nada. Tinha que ser saudavelmente irresponsável para participar daquilo tudo. Gravar um disco já era uma novidade, um desafio, porque era praticamente ao vivo, e gravar daquele jeito, mais ainda. A partir dali fui sendo conhecido, gravado por gente como a Elis Regina, o Tom Jobim. Tenho muito orgulho de tudo isso.
Você acredita que o disco Clube da Esquina continua influenciando gerações?
O Clube formou e informou várias gerações que fazem música de qualidade. Mesmo depois de 40 anos, a perenidade é impressionante. Vejo nos meus shows, gente de 15, 20 anos de idade cantando O trem azul, Um girassol da cor de seu cabelo, Paisagem da janela. O disco só é forte até hoje porque foi feito com muita verdade. As pessoas se empenharam muito. Agradeço a todos os músicos que contribuíram para fazer aquele álbum: Novelli, Robertinho Silva, Toninho Horta, Luiz Alves e tantos outros. Todo aquele clima de fraternidade e criatividade que imperava. Até hoje, as minhas músicas mais conhecidas são do disco Clube da Esquina. Analiso a minha carreira hoje e vejo que tudo começou com essa história do Clube.
E as comemorações pelos 40 anos? Como andam?
Tem que esperar o aval do Milton. Qualquer comemoração envolvendo o Clube da Esquina tem que partir do Milton, porque ele é o titular da pasta (risos). Se ele fizer o convite, ótimo. A gente vai com certeza. Basta o Bituca estalar os dedos.
Você acha que seria possível fazer um Clube da Esquina 3, apesar de o Milton afirmar que o Angelus já seria esse Clube 3?
Acho que não seria necessário. Os dois Clubes foram suficientes para mostrar muita coisa boa. O Clube 2 projetou a carreira de muita gente, abriu as portas para várias pessoas. E no primeiro também. Todo mundo que participou teve um upgrade na carreira.
E você mantém contato com os integrantes do Clube, continua compondo com eles?
Muito pouco. Tenho contato com Bituca, o Márcio, meu irmão. A gente vai seguindo a vida, tendo a própria carreira, os próprios projetos. Faço coisas com o Márcio, mas hoje meus principais parceiros são o Samuel Rosa – a gente tem feito muita coisa bacana – e a Patrícia Maês (mulher de Lô), que inclusive assina comigo cinco músicas no meu trabalho mais recente, o Horizonte vertical.
Fonte : Divirta-se Uai
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